Falar de ESG parece algo novo, recém-criado frente toda mudança abruta que vivemos nos últimos anos diante da pandemia do COVID-19, mas o tema não é recente. Contudo, se tornou pauta e está em vogue, visto que em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ( Aberje ) observou-se que 95% das empresas brasileiras têm o tema de ESG como prioridade em suas agendas corporativas.
Mas o que é o ESG tão falado atualmente? Por que a pandemia parece ter ressaltado isso nas organizações? E mais: quais são os principais direcionadores que nos ajudarão a selecionar, avaliar e garantir profissionais que darão vida, voz e vez a esse tema em suas organizações?
Vamos ajudá-lo a entender através de cinco características fundamentais que serão um norte de apoio para tomadas de decisão da gestão de RH, seja em processos seletivos e/ou desenvolvimento de pessoas.
O que é ESG?
Environmental (Ambiental):
Medidas adotadas pelas organizações com objetivo de preservar o
meio ambiente, questões relacionadas à poluição, emissões de gases
de efeito estufa, gestão de resíduos etc.
Social (Social):
Ações que ajudam a garantir culturas cada vez mais diversas,
assim como direcionadores voltados aos direitos humanos, defesa do consumidor etc.
Governance (Governança):
Princípios como a governança corporativa, o compliance
(código de ética, treinamento e canal de denúncias, por exemplo),
manutenção da transparência, confiabilidade dos relatórios e demonstrativos
financeiros, controles internos e auditoria, gerenciamento de conflitos de
interesse, entre outros pontos.
A origem da sigla
A eclosão de uma inicial endemia de Coronavirus 19 provocou impacto no mundo como um todo. Em novembro de 2019, surgem os primeiros casos de infecção pelo SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) na cidade Wuhan na China. A disseminação do vírus e sua gravidade tiveram um crescimento exponencial, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar a pandemia do COVID-19 em março de 2020.
Todo esse cenário vivido trouxe várias reflexões e fez o termo ESG ganhar maior evidência. Na pesquisa da Aberje , vemos isso de maneira clara quando 58% das pessoas afirmaram que a pandemia deu impulso à agenda de sustentabilidade.
Todavia, a sigla ESG se originou em 2005 através do relatório Who Cares Wins (ou, em português, “ganha quem se importa”), fruto de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU). Porém, foi em 2015, frente a definição dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) realizada em Paris, que o termo ganhou mais expressão, com uma agenda ambiciosa que visa a erradicação da pobreza e o desenvolvimento econômico, social e ambiental à escala global até 2030.
ESG e seus líderes
Com essa agenda sendo pauta no mundo corporativo, começa então a busca por profissionais capazes de orientar e garantir que esse discurso sustentável seja, de fato, uma prática dentro das organizações.
Faça uma reflexão: quais são os principais direcionadores que nos ajudarão a selecionar, avaliar e garantir profissionais que darão vida, voz e vez a esse tema em suas organizações?
Para falarmos sobre esses direcionadores e comportamentos-chaves de um profissional ESG, quero antes trazer um outro conceito, comumente citado tanto quanto ESG: accountability.
No Livro “O Princípio de OZ”, os autores e especialistas em gestão empresarial, Roger Connors, Tom Smith e Craig Hickman, trazem uma explicação diferenciada sobre o que é ser um profissional accountable. Estes usam uma metáfora baseada no filme norte americano, traçando um paralelo com a estrada de tijolos amarelos vivida por Dorothy e seus amigos. Isso nos ajuda a entender o conceito de accountability aplicado à vida.
Para esses especialistas, um profissional accountable é protagonista da vida, que não espera em “Oz” (ou no nosso caso, a empresa, gestor...) as soluções necessárias para seu crescimento. Ao contrário, são pessoas que buscam assumir a responsabilidade sobre suas ações e aprendem a fazer resultados exponenciais.
Mas você pode estar se perguntando, o que isso tem haver com ESG?
Em estudo desenvolvido pela escola de Direito da Universidade de Havard, vemos que uma pesquisa que analisou os históricos de 46 líderes ESG seniores de grandes organizações globais nomeados nos últimos 18 meses.
Nesse estudo, vemos que as demandas ESG atingiram o pico elevado em 2020, visto que o mundo foi atingido por crises globais simultâneas: COVID-19, mudança climática, injustiça racial e social e geopolítica. Isso fez emergir a necessidade de ter profissionais e líderes ESG, que poderiam atuar como norteadores, ajudando as organizações a emergir de forma mais eficaz dessas crises globais. Assim, a demanda por talentos de liderança ESG explodiu. O que vimos foi que as organizações agora exigem profissionais accountables, ou seja, autorresponsáveis, estratégicos, protagonistas e não mais reativos diante dos cenários, além de serem abertos ao novo (adaptáveis).
E vale a pena ressaltar: 70% desses profissionais que assumiram cadeiras direcionadas a ESG no mundo, são mulheres, fazendo-se valer o S (Social) do direcionador ESG.
Quais as características de um profissional ESG?
Afinal, que características são essas? Para ajudá-lo nessa definição, quero elencar cinco comportamentos-chaves que te ajudará no processo de mapeamento desses profissionais em processos seletivos. Junto a isso, ajudará no desenvolvimento de pessoas que almejam fazer a diferença nas organizações e no mundo que vivem.
Nós da Clave Consultoria, ao longo de nossos mais de 25 anos de mercado, já mapeamos mais de 4 milhões de profissionais e estudamos tendências, perfis, comportamentos e motivadores desses indivíduos. Assim, baseado nessas análises e no Fórum Econômico Mundial, que ditou 15 competências necessárias para a atuação profissional até 2025, desenhamos os atributos essenciais que definem esse profissional accountable, ou como você pode ler, profissional ESG. São esses:
Colaboração e conexão:
Busca estabelecer conexões interpessoais construtivas, sendo empático.
Sabe administrar conflitos, compartilha
conhecimentos de maneira eficiente e entende o valor do resultado em conjunto.
Liderança e Influência:
Age com accountability, inspirando pessoas e gerando resultados através delas.
Transmite propósito e engaja na
direção do futuro. Incentiva o protagonismo e valoriza a diversidade.
Foco no cliente:
Possui pensamento analítico para diagnosticar e mapear cenários,
traçando estratégias e criando soluções criativas que encantem o cliente,
atendendo e superando suas expectativas.
Inovação e adaptabilidade:
Lida positivamente com as mudanças, é resiliente, multifuncional e flexível
aos diferentes cenários. Questiona
modelos na busca por melhorias e novos produtos, tem iniciativa para idealizar e empreender soluções
originais. Antecipa tendências, é curioso.
Orientação à resultados sustentáveis:
Mobiliza os recursos para a obtenção de resultados diferenciados
e sustentáveis. Planeja e realiza buscando
sempre obter excelência em tudo que faz.
E agora?
Frente todo esse cenário, vem a grande pergunta: como faço para desenvolver meus talentos nessa direção? O primeiro passo frente esse processo é promover a busca pelo autoconhecimento, através de diagnóstico e mapeamento. Busque analisar seus colaboradores frente a esses cinco direcionadores, traçando ações que ajudem a potencializar suas fortalezas e suas vulnerabilidades. Quer saber como?
Ingrid Emerick - Head de Talent Acquisition
Partner & Head de Talent Acquisition na Clave. Psicóloga com MBA pelo IBMEC em Gestão de Empresas e MBA UFF em Gestão de Pessoas. ossui mais de 15 anos de experiência, foi Coordenadora de Gestão de Talentos da América Latina na GSK. Atua em projetos de Assessment de profissionais e executivos, nacionais e internacionais, em empresas de grande porte como TV Globo, Vale e Sulamérica. Certificação em Coach Executivo pela Academia Brasileira de Coaching. Formação em DISC pela Extended DISC.